Desde seu surgimento, em 1824, inventado e patenteado pelo empresário britânico John Aspdin, o protótipo do cimento utilizado nos dias atuais apresenta um crescimento exponencial em seu uso, em especial nos últimos cinco anos. Apresentado como causas para isso pode ser o crescimento comercial em todo o mundo, que exige o cimento como base para qualquer infraestrutura, e o fato de que o material usado para produção de cimento, argila e calcário, são encontrados em grande quantidade na face terrestre.
Para Koji Sakai, professor da universidade de Kagawa, no Japão, o concreto e o aço são dois materiais básicos para o desenvolvimento da infraestrutura socioeconômica, no entanto, aponta dois problemas desse uso alto dos dois produtos: o primeiro é o exageradamente alto consumo destes e o segundo é a alta emissão de dióxido de carbono, gás causador do efeito estufa no planeta.
Sakai defende que a indústria deve reduzir o impacto decorrente do uso destes produtos e ampliar os benefícios do uso deste em estruturas de concreto. “A humanidade não tem saída a não ser reduzir a degradação ambiental e, ao mesmo tempo, trabalhar para maximizar a felicidade humana. O que precisamos, então, é identificar claramente as questões e agir para resolvê-las.” De acordo com ele, o conceito de sustentabilidade tem proporcionado uma grande oportunidade para o segmento de concreto analisar o contexto atual e prover medidas e ações para beneficio de toda cadeia.
“Quando nós consideramos a existência de tecnologias e soluções para esse caminho, nós podemos realizar a essência da sustentabilidade para o setor de estruturas de concreto.” Destaca o professor, que exemplifica alguns desafios em termos de sustentabilidade para o setor de estruturas de concreto, entre os quais estão: o desenvolvimento de novos cimentos, o uso de aditivos químicos e agregados reciclados, o aumento do desempenho das estruturas de concreto, a redução da taxa de armadura, a utilização de energia renovável e equipamentos com baixo consumo de energias, e as estruturas pré-fabricadas de concreto.
“Todos compreendem que é preciso pensar nos impactos ambientais da operação e da manutenção das construções, incluindo a forma como elas serão descartadas após 50, 100 anos de uso”, destaca o professor Paulo Helene, da Universidade de São Paulo. Estudos comprovam que, na vida útil de 50 anos de uma habitação de classe média, o impacto das emissões na fase da construção representa apenas cerca de 9%, enquanto na fase de uso do imóvel representa os outros 91% das emissões de CO2. “Assim, nos dias de hoje, se exige um planejamento de todas as atividades, desde o projeto e o planejamento até o final de sua vida útil, ou seja, a demolição e o gerenciamento de resíduos decorrentes dessa demolição”, pondera o conselheiro do Ibracon Instituto Brasileiro de Concreto.
De acordo com Helene, a sustentabilidade combina em todos os sentidos como o pré-moldado de concreto, pois permite construir estruturas mais resistentes e duráveis, com menos ruído e esforço físico dos operários. “O Brasil tem se notabilizado como uma referência na produção de cimento”, Afirma. A indústria brasileira de cimento é uma das mais coeficientes do mundo porque quase todo o cimento produzido no país é via seca, um processo que diminui em até 50% em relação a outros. “Ele representa, em muitos casos, a solução mais eficiente e econômica para a gestão de resíduos, sem representar risco à qualidade do cimento Portland e ao meio ambiente.”, explica Yushiro Kihara, gerente de tecnologia da ABCP Associação Brasileira de cimento Portland.
Fonte: Revista Industrializar em Concreto
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